domingo, 9 de novembro de 2008

UM BRINDE À KARINA CABRAL...

Texto de Karina Cabral
Fonte: http://www.mafaldacrescida.com.br/



CRIANDO UM MONSTRO

O que pode criar um monstro?
O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por... Nada? Será que é índole?
Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade?
O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'.
A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não.
Seu desejo era mais importante. Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados.

Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa história toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19.
Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha.
Faltaram outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida.
Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá.
Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador converssasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram.
Simples assim. NÃO.
Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos.

Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças.
Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às esposas ).
Pessoas têm medo de dizer não aos amigos.
Noras que não conseguem dizer não às sogras.
Chefes que não dizem não aos subordinados.
Gente que não consegue dizer não aos próprios desejos.
E assim são criados alguns monstros.
Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco.
Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal.

Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes.
Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer:

- Não, você não pode bater no seu amiguinho.
Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos.
Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei.
Não, você não vai passar a madrugada na rua.
Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação.
Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos.
Não, essas pessoas não são companhias pra você.
Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate.
Não, aqui não é lugar para você ficar.
Não, você não vai faltar na escola sem estar doente.
Não, essa conversa não é pra você se meter.
Não, com isto você não vai brincar.
Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque.

Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não.
Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade.
E quem ouve uns nãos de vez em quando, também aprende a dizê-los quando é preciso.
Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem.
O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento.
Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor.
E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.

domingo, 19 de outubro de 2008

UM BRINDE À CÂMARA CASCUDO...

Algumas frases bem humoradas do Professor Luiz da Câmara Cascudo:


Foi apresentado a um figurão da diplomacia, no Itamaraty.
-Luís da Câmara Cascudo, Câmara Cascudo... parece que já ouvi falar no seu nome.
-O senhor é muito mais feliz do que eu. Estou absolutamente certo de que nunca ouvi falar no seu.

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A recompensa do trabalho é a alegria de realizá-lo. Quando termino um trabalho, estou pago.
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Sou um homem que não desanimou de viver e acho a vida cheia de encantos.
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Eu sou apenas uma célula, uma pequenina célula que procura ser útil na fidelidade da função.
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Sou um homem mais de fé do que de culto. Posso recusar a extrema-unção, vou me entender pessoalmente com Deus.
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Amizade é amor sem sexo.
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É o cinema em casa, o mundo em casa. É o tapete mágico de Aladim, em que você viaja sem sair do lugar. Tem função deturpadora, e não orientadora ou elevadora. Mas para os velhos surdos, meio cegos e jumentos como eu, aos 83 anos, é a vida. Para quem não chega à janela, não lê jornais como eu, a televisão é minha vida, a minha viagem.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

UM BRINDE AO GRUPO LOGOS...

Senhor Jesus eu não entendo o espinho,
Mas se a cruz é o Fim deste caminho,
Dá-me mais graça,
Não sou maior que meu Senhor
Apenas servo sou,
Apenas servo e nada mais.

Se as pontas aguçadas da coroa
Te feriram ó cabeça
Eu que sou corpo
Parte do teu corpo,
Não devo reclamar.

Dá-me mais graça Senhor!
Dá-me mais graça!
Passa os teus dedos nos meus olhos
Vem me consolar.
Dá-me mais graça Senhor!
Dá-me mais graça!
Faz me em cristo outra vez,
Ser mais que vencedor.

Senhor Jesus
Ainda não entendo o espinho,
Mas, se o mesmo,
Faz parte da tua cruz,
Eu o aceito, não sou maior
Que meu senhor
Apenas servo sou,
Apenas servo e nada mais.

Senhor se estou por ti sendo provado,
Eu quero aprovado ser agora
Sei o que tens a dizer,
E creio nisto também
Basta-me a graça


Extraído: http://letras.terra.com.br/grupo-logos/336332/

UM BRINDE À LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO...

Para se roubar um coração,
é preciso que seja com muita habilidade,
tem que ser vagarosamente, disfarçadamente,
não se chega com ímpeto,
não se alcança o coração de alguém com pressa.


Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente,
apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado,

na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.

Conquistar um coração de verdade dá trabalho,
requer paciência, é como se fosse

tecer uma colcha de retalhos,
aplicar uma renda em um vestido,
tratar de um jardim, cuidar de uma criança.

É necessário que seja com destreza, com vontade,
com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente

tem que ter garra e esperteza,
mas não falo dessa esperteza que todos conhecem,
falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe
guardada na alma em todos os momentos.

Quando se deseja realmente conquistar um coração,
é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso,
é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes,
que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho,

entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.

...e então, quando finalmente esse coração for conquistado,
quando tivermos nos apoderado dele,
vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.


Uma metade de alguém que será guiada por nós
e o nosso coração passará a bater

por conta desse outro coração.

Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza
haverá instantes, milhares de instantes de alegria.

Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.


Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio,
esse coração chamará a sua outra parte
e alguém por vontade própria,
sem que precisemos roubá-la ou furtá-la
nos entregará a metade que faltava.

... e é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade,
a outra virá na nossa mão

e ficará detectado um roubo então!

E é só por isso que encontramos
tantas pessoas pela vida a fora que dizem
que nunca mais conseguiram amar alguém...
é simples... é porque elas não possuem mais coração,
eles foram roubados, arrancados do seu peito,
e somente com um grande amor
ela terá um novo coração,
afinal de contas, corações são para serem divididos,
e com certeza esse grande amor
repartirá o dele com você.

Luís Fernando Veríssimo

Extraído do site: http://www.pensador.info/p/enganar_o_coracao/1/

sábado, 30 de agosto de 2008

UM BRINDE À CLARICE LISPECTOR...

O QUE TEMOS FEITO?


Olhe para todos a seu redor
e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos
porque não queremos passar por tolos.

Temos amontoado coisas, coisas e coisas,
mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora,
pois as catedrais que nós mesmos construímos,
tememos que sejam armadilhas.

Não nos temos entregue a nós mesmos,
pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós
que por amor diga: tens medo.

Temos organizado associações e clubes sorridentes
onde se serve com ou sem soda.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez
de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.

Não temos sido puros e ingênuos
para não rirmos de nós mesmos
e para que no fim do dia possamos dizer
"pelo menos não fui tolo"
e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.

Temos sorrido em público do que não sorriríamos
quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.

Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação
para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer
sua contextura de ódio, de ciúme
e de tantos outros contraditórios.

Temos mantido em segredo a nossa morte
para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte
por não saber como é a outra coisa.

Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença,
sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior
e por isso nunca falamos o que realmente importa.

Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia."

( Clarice Lispector )

Fonte: http://amovavida.spaces.live.com/blog/cns!2525416091B1A35D!1460.entry

sábado, 19 de julho de 2008

UM BRINDE A GUIMARÃES ROSA

Como não ter Deus?!
Com Deus existindo, tudo dá esperança:
sempre um milagre é possí­vel, o mundo se resolve.
Mas, se não tem Deus,
há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra.
É o aberto perigo das grandes e pequenas horas,
não se podendo facilitar, é todos contra os acasos.
Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho,
pois no fim dá certo.


Fonte: http://www.pensador.info/p/poemas_que_falam_da_mulher_por_guimaraes_rosa/1/

domingo, 22 de junho de 2008

UM BRINDE A JAMELÃO


http://blogdamartabellini.blogspot.com/2008/06/jamelo.html


Casa Grande E Senzala

Pretos escravos e senhores
Pelo mesmo ideal irmanados
A desbravar
Os vastos rincões
Não conquistados
Procurando evoluir
Para unidos conseguir
A sua emancipação
Trabalhando nos canaviais
Mineração e cafezais

Antes do amanhecer
Já estavam de pé

Nos engenhos de açúcar
Ou peneirando o café

Nos campos e nas fazendas
Lutaram com galhardia
Consolidando a sua soberania
E esses bravos
Com ternura e amor
Esqueciam as lutas da vida
Em festas de raro esplendor
Nos salões elegantes
Dançavam sinhás donas e senhores
E nas senzalas os escravos
Dançavam batucando os seus tambores

Louvor
A este povo varonil

Que ajudou a construir
A riqueza do nosso Brasil

http://www.webletras.com.br/musica/jamelao/casa-grande-e-senzala

domingo, 30 de março de 2008

UM BRINDE À LUDMILA FERBER

O PODER DE UMA ALIANÇA - Ludmila Ferber

Antes das honras e das conquistas
O amigo está conosco
O amigo sabe quem a gente é

O amigo sabe o nível das batalhas que nós temos
O amigo sabe o nível dos limites que rompemos
O amigo fica firme ao conhecer nossa fraqueza
O amigo está presente para nos fortalecer

O amigo está lá quando a dor é violenta
O amigo está lá e vê a força da tormenta
O amigo fica junto e permanece assim, de pé
Conhecendo as nossas crises e nos sustentando em fé

O poder de uma aliança como essa
Inabalável é
Deus constrói nosso caráter bem dessa maneira
Inabalável diante das lutas
Inabalável e fiel
Inabalável apesar das diferenças
Inabalável, inabalável e fiel
Fiel...