segunda-feira, 30 de julho de 2007

UM BRINDE À HENRIQUE CASTRICIANO

BEIJOS


As vezes, penso comigo

Que há beijos de toda cor;
Beijos que trazem consigo
Mil prisma, como o amor.

Assim, o beijo de Judas
Tem a cor da escuridão:
Guarda o horror das trevas mudas
E a negrura do carvão.

É negro, bem como a sombra
É traiçoeira na alfombra.

Parte um noivo, que enlouquece
Beijando a noiva, com pejo ...
Não sei porque, mas parece
Que é tão azul este beijo !

É azul porque a saudade
Tem a cor da imensidade !

Na liça, o guerreiro bravo
Vê cair o irmão exangue:
Beija-o e foge, que é escravo ...
Mas leva nos lábios sangue ...

Dado embora de joelho,
Aquele beijo é vermelho.

Quando afago a minha filha

E cinjo-a de encontro aos flancos,
Seu rosto como que brilha ...
Os beijos de mãe são brancos.

São brancos, bem como a lua

É alva, quando flutua ...

Henrique Castriciano
http://www.revista.agulha.nom.br/hcastriciano04p.html

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