BEIJOS
As vezes, penso comigo  
Que há beijos de toda  cor;  
Beijos que trazem consigo  
Mil prisma, como o amor. 
Assim, o beijo de Judas  
Tem a cor da escuridão:  
Guarda o horror das trevas mudas  
E a negrura do carvão. 
É negro, bem como a sombra  
É traiçoeira na alfombra. 
Parte um noivo, que enlouquece  
Beijando a noiva, com pejo ...  
Não sei porque, mas parece  
Que é tão azul este beijo ! 
É azul porque a saudade  
Tem a cor da imensidade !  
Na liça, o guerreiro bravo  
Vê cair o irmão exangue:    
Beija-o e foge, que é escravo ...  
Mas leva nos lábios sangue ...  
Dado embora de joelho,  
Aquele beijo é vermelho.
 
Quando afago a minha filha  
E cinjo-a de encontro aos flancos,  
Seu rosto como que brilha ...  
Os beijos de mãe são brancos. 
São brancos, bem como a lua  
É alva, quando flutua ...
Henrique Castriciano
http://www.revista.agulha.nom.br/hcastriciano04p.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário