terça-feira, 31 de julho de 2007

UM BRINDE À ARTUR FAUSTO

O PISO

Piso que se coloca, piso que se pisa;
Piso que se varre todo dia por toda a vida;
Piso que se lava e que se enxuga;
Piso limpo que se suja com as pisadas da gente.

Piso lindo, decorado, humilde...
Piso pisado, chutado, amado por muitos.
Piso que faz parte da casa da gente;
Piso que traz recordações do passado...

Piso onde a gente se senta e faz poesia;
Piso de várias marcas que marcam.
São pisos da nossa vida,
Da nossa paisagem familiar.

Piso que se quebra e se conserta.
Quantas reuniões para comprar o piso???
Foram muitas, passadas e pisadas.

Piso dos meus sonhos,
Das tardes, dias e noites;
Piso de tantas reuniões para no futuro pisar.

Um piso é um piso que se pisa lentamente;
É um piso que se pisa andando, correndo...
É um PISO que no futuro se chamará POESIA

Artur Fausto

segunda-feira, 30 de julho de 2007

UM BRINDE À HENRIQUE CASTRICIANO

BEIJOS


As vezes, penso comigo

Que há beijos de toda cor;
Beijos que trazem consigo
Mil prisma, como o amor.

Assim, o beijo de Judas
Tem a cor da escuridão:
Guarda o horror das trevas mudas
E a negrura do carvão.

É negro, bem como a sombra
É traiçoeira na alfombra.

Parte um noivo, que enlouquece
Beijando a noiva, com pejo ...
Não sei porque, mas parece
Que é tão azul este beijo !

É azul porque a saudade
Tem a cor da imensidade !

Na liça, o guerreiro bravo
Vê cair o irmão exangue:
Beija-o e foge, que é escravo ...
Mas leva nos lábios sangue ...

Dado embora de joelho,
Aquele beijo é vermelho.

Quando afago a minha filha

E cinjo-a de encontro aos flancos,
Seu rosto como que brilha ...
Os beijos de mãe são brancos.

São brancos, bem como a lua

É alva, quando flutua ...

Henrique Castriciano
http://www.revista.agulha.nom.br/hcastriciano04p.html

sábado, 28 de julho de 2007

UM BRINDE À FERNANDO PESSOA

O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa, 5-9-1933


Tenho tanto sentimento

Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,

Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa, 18-9-1933

sexta-feira, 27 de julho de 2007

UM BRINDE À TOM JOBIM/VINÍCIUS DE MORAES E A ELIS REGINA

EU SEI QUE VOU TE AMAR
Elis Regina

Composição: Tom Jobim/Vinicius de Moraes

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente

Eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

quinta-feira, 26 de julho de 2007

UM BRINDE A GIÓIA JÚNIOR

GANGORRA


Quando eu desço, você sobe,
quando eu subo, você desce...
Lá fora dança a gangorra,
desde que o dia amanhece...

Desce e sobe, sobe e desce
num compasso sempre igual:
No centro, um ponto de apoio
prende a tábua horizontal!

Há borrões de sol vermelho
na loira manhã sem par,
e a gangorra não descansa,
sobe e desce sem parar...

A gangorra é como a vida,
nos movimentos que tece;
quando eu desço, você sobe,
quando eu subo, você desce...

Você, que ficou no alto,
não deve de mim sorrir;
você terá que descer,
quando eu tiver que subir!

De Gióia Júnior

UM BRINDE À CORA CORALINA

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar"

De Cora coralina

UM BRINDE À MYRTES MATHIAS (In Memorian)

SUBINDO AO MORIÁ

Eu queria tanto que quando o amor chegasse
Fosse um sentimento lindo,
Que nos permitisse seguir sorrindo,
De mãos dadas, em direção do céu.
Sei que fostes testemunha Senhor,
da minha luta contra qualquer sentimento
que viesse me afastar de Ti.

No entanto, aconteceu.
E já não é um simples caso de opção:
É uma batalha!

Se me chamas, Senhor,
Por que não também a ele?
Minha causa entrego aos cuidados Teus:
Sou frágil demais para decidir
Entre o amor de homem
E a sedução de um Deus.

Tu que me amaste ao ponto de morrer por mim,
Que me elevaste ao posto de representante Tua;
Tu, para quem o futuro é um eterno presente,
Vê, julga e decide, não me obrigues a escolher.

Um Senhor jamais consulta a vontade de uma escrava,
Apenas estende a mão e ordena:
Vai _ Vem _ Faze.
Age comigo assim.

Mas já que o vês o que vai dentro de mim,
Se me queres distante daquele que me quer,
Por piedade, lembra-Te que sou mulher:
Liberta-se, mas de forma
Que não venha a sofrer demais.

Não sei como isto pode ser feito,
Se ninguém consegue perder uma parte
De si mesmo sem quase enloquecer de dor.
Por isso apelo ao Teu poder, Senhor.

Se o abandono, o meu caminho se cobrirá
De lágrimas e saudade.
Se fujo à Tua ordem e o aceito e o acompanho,
Jamais serei feliz, porque ninguém Te desobedece
Sem pagar o preço.

Não apelo à Tua justiça, porque nada mereço:
À Tua misericórdia entrego o meu problema.

“Obedecer é melhor do que sacrificar”
É um bonito tema,
Mas, quando a obediência envolve um sacrifício,
Que é preciso fazer?
Se pudesse unir ao meu amor o Teu querer,
Minha paixão ao dever...

Mas se esta não é a Tua vontade,
Eis-me aqui a subir o Moriá,
Trazendo como lenha os meus sonhos de moça,
Como holocausto, o meu pobre amor,
Como esperança _ “O Senhor proverá”.

Cada momento que passa
A escolha se faz mais difícil.
Se tem que haver uma ferida,
Que seja feita agora, que seja Tu o Autor,
Porque só Tu tens o poder de fechá-la
Com o Teu cuidado, com o Teu amor.

É difícil subir ao Getsêmane, para tomar o cálice,
Não é fácil subir o monte, para sacrificar:
posso sentir agora a profundidade
Do “seja feita a Tua vontade”
ao depor meu coração em Teu altar.

Aceita-o Senhor, e faze-me uma bênção,
Um caminho para a Tua luz:
Que minha dor ajude aos que esperam em mim,
Aos que depositam em mim confiança e amor
Que a renúncia tenha como fim
Trazer muitas vidas aos Teus pés, Jesus

De Myrtes Mathias

quarta-feira, 25 de julho de 2007

TECITURA DE UMA MULHER



Sonhadora - Romântica - Vivaz – Brilho - Simples - Estímulo -
União - Poesia - Chorar - Humana - Arte - Educadora – Entranhas -
Brincalhona - Ternura - Determinação - Flexibilidade – Coração -
Laços - Inteligência - Maternal - Amor - TPM - Complexo -
Importante - Luta - Sorriso - Simpatia - Período - Sangue -
Maleabilidade - Dor - Resistência - Companhia - Doce -
Encanto - Admirável - Agradável - Valor - Tato -

Pequena - Grande - Força - Desejo - Pensar -
Abraços - Calar - Incentivo - Perdão - Interior - Fé -
Zerar - Liberdade - Enfrentar - Gritar - Ser - Amor -

Linda - Responsável - Gravidez - Amamentar - Viver -
Irresistível - Profissional - Ética - Classe - Nível - Companheira -
Especial - Êxtase - Amante - Paixão - Ardor - Carinho - Provocar -
Garra - Sabor - Vida - Envolvente - Sentimento - Beijos - Coragem -
Emoção - Diplomacia - Honra - História - Conclusão - Tempo - Presente


Uma vida inteira... Infinitos pedaços de sensibilidade
Uma inteira na vida! Pedaços finitos de muitas lutas!

Entregar-se as derrotas? JAMAIS!
Lutar... Vencer MAIS. JÁ!
Prosseguir... Sempre...
EM FRENTE.

Liege Machado